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Por muito tempo tentei me envolver, tentei aprender, tentei entender. Sempre interessado, talvez pela formação católica que tive na escola até a quinta série, onde religião era uma matéria, me lembro de apaixonado pelas histórias que ouvia eu ainda tão pequeno rezava “pai se eu fraquejar aumenta meu fardo” enquanto em minha cabeça sempre se repetia à parábola do semeador, e eu sempre desejei ser o solo fértil. Ouve sim o tempo que fui, que tinha tanta fé que eu sentia; mas o mundo onde eu vivia era tão mais inocente... Haverá outro momento para falar sobre inocência, mas agora isso apenas ia me afastar do assunto que quero tratar agora. Mais tarde disso me afastei, houve mudanças em minha vida, em muitos sentidos e por muitos motivos os quais não vem ao caso, mas que bastaram para sistematicamente destruir minha fé, e a bem da verdade ela nunca mais pode ser restituída completa ou parcialmente, mesmo agora. Dizer se meus motivos eram validos ou não é simplesmente subjetivo, mas acreditem que para mim, naquele momento, sendo quem eu era, foi muito mais do que o suficiente e na verdade prefiro ter isso em mente ao invés de enumerar magoas e rancores, mesmo em meus pensamentos (e ainda que muitas vezes eles voltem para me assombrar). Mais tarde depois de muitos anos, voltei a pensar nisso, mas dessa vez por algumas eventualidades inexplicáveis. Foram pelo menos três ocasiões onde posso dizer que me deparei com algo sobrenatural e serei muito sincero ao dizer que quis negar por muitas vezes quis refutá-las, procurando explicações racionais, e na verdade com tanto intento que até mesmo poderia comprometer virtualmente a própria existência de duas dessas experiências (na ocasião), mas ouve uma delas, a mais forte e que aconteceu em um tempo entre as duas que foi tão clara e forte que me ancorou literalmente a percepção de que havia algo a mais, algo que não estava na religião a qual me foi ensinado. Nesse ponto volto a explicar que na verdade minha família nunca foi propriamente católica, na verdade ela era como a mistura brasileira onde os filhos devem ser batizados no catolicismo, mas que ainda assim tem alguma ligação com as religiões africanas, não desacreditando do misticismo delas, temendo-as ou até mesmo recorrendo a elas em ultimo caso. Mas no meu caso, a única religião que realmente haviam me ensinado, me doutrinado era o catolicismo, e até hoje foi a que realmente fizeram com mais ênfase, realmente havendo uma preocupação para ensinar cada detalhe.
Mas continuando a história.... Eu acho que foi no começo dos anos 90 que o espiritismo em si começou a ganhar destaque (quando eu digo espiritismo, sempre me refiro ao espiritismo kardecista). Na verdade, não sei se isso é um fato, mas é quando eu comecei a ouvir falar de cirurgias mediúnicas, de Chico Xavier, etc. Porem, foi apenas ao final desta mesma década que realmente me interessei por isso, justamente pelos fenômenos que digo ter presenciado. A principio era muito receoso, eu não tinha o real conhecimento do que se tratava, apenas um esboço feito com informações vagas e minhas próprias idéias do que era. Por fim, descobri algo que era sobre muitos aspectos, próximo a religião que tinha aprendido. Teoricamente o mesmo Deus, os mesmo personagens, apenas com algumas idéias divergentes e assumindo a vida após a morte, que era o principal fato de estar me aproximando de tudo isso. O Espiritismo por muito, muito tempo permeou minha vida, não sei se posso dizer em si que já fui espírita, mas para mim fui. Cheguei a ir a centros, tomar passes, ouvir palestras, ler vários e vários livros e a bem da verdade gostava bastante, mas minha fé não havia sido restituída por isso, apenas tinha curiosidade e afinidade. Acredito que por isso, essa aproximação falha e me distanciei, lentamente, apenas continuando com a constante leitura de livros espíritas aos quais tinha fácil acesso devido a uma parte da minha família agora se declarar espírita. Contudo o foco a partir desse ponto é esse distanciamento em si e isso me deu margem para explorar minha espiritualidade mais amplamente. Lembro-me de ter sonhos recorrentes, e sonhos de grande semelhança, os primeiros quando era mais novo e sonhava com os mesmos lugares, um deles algo como uma cisterna cheia de água, com apenas um ou dois lados com borda e/ou passarelas, coisas assim que hoje me lembro muito mais precariamente do que há alguns anos e um outro mais forte, e que na verdade ainda continuo a ter até hoje, o sonho de voar, na verdade flutuar, em vários lugares, pelo menos a maioria em lugares reais, não posso afirmar com precisão depois de tantos anos e os sonhos tem uma característica muito própria de serem mal guardados na memória. Mas em todos eles eu voava, mas não posso dizer que fora do corpo, é pra mim difícil de ser preciso mais acredito que ao menos na grande maioria das vezes em “primeira pessoa”, ou seja, como se visse através dos meus próprios olhos e não pelos olhos de alguém olhando para mim. Um detalhe importante é a sensação, que é o ponto forte desses sonhos, onde não há confusão, a sensação de estar imerso no ar, como se fosse água, ou próximo a isso porque não era “molhado”, era apenas tangível, palpável, como se o ar fosse tão denso que podia nadar nele, literalmente quando eu voava nesses sonhos não voava como o Super-Homem, eu voava como se nadasse, por vezes movendo as pernas e dando braçadas, tentando controlar o vôo impreciso como o de um balão de ar quente. E ainda no mundo dos sonhos ouve um dia em que tive um sonho bem temático, se tratava realmente de um terreiro de “macumba”, não sei se essa expressão é ofensiva, apenas não podia e não posso precisar se tratar de qual religião se tratar. Nesse sonho estava nesse terreiro, levado por pessoas que já não sei dizer quem eram, acho que parentes próximos. O lugar era um chão de terra batida, castanha e marcada por leves pegadas por toda a parte, ao centro havia um circulo marcado por uma grossa corda de sisal, o lugar era protegido por um teto de palha, como alguns quiosques de praia são, só que muito maior, circular. No lugar estavam varias pessoas e elas dançavam incorporavam, riam, e entro eu me voltei a quem me acompanhava e disse “eu também posso” e assim também comecei a incorporar, tão logo isso começou fui recolhido por algumas pessoas, me levaram para fora dali, e quando voltei estava vestido como uma entidade, tinha algo amarrado em torno da barriga, como um pano brando torcido, uma coroa prateada e em cada mão um machado, eu ria alto e de alguma forma impunha respeito, me senti respeitado por todos ali, como se fosse à entidade mais forte, eu brandia os machados um contra o outro e deles pulava eletricidade, como exibisse poder. Eu REALMENTE me mantive a vida toda longe dessa linha de religião, na verdade fui levado a alguns centros desse tipo de religião onde fiquei negativamente impressionado por pessoas incorporadas, em particular em uma ocasião onde fui a um lugar onde havia varias pessoas incorporadas com entidades crianças, se portando como elas, falando alto como crianças, brincando com brinquedos e comendo pipoca e outras coisas que hes davam como presente. Eu preferia nunca voltar a lugares assim, até porque pelo catolicismo aprende a relacionar esses lugares como o próprio anticristo, e pelo espiritismo kardecista imaginava se tratar de espíritos como qualquer outros, apenas não sabendo encaixar tudo exatamente sobre esses parâmetros. Em fim, para mim não era algo bom, mas esse sonho me aproximou disso, me deu curiosidade de pesquisar o que era, que entidade poderia ser aquela que havia incorporado em sonho, se não seria um tipo de aviso ou chamado, na verdade me senti convidado. Não cheguei a ir a um terreiro ou coisa assim, mas perdi dias pesquisando e lendo por toda a internet sobre o assunto, até que me satisfiz e não tive mais interesse sobre isso. A partir daí se iniciou uma nova fase da minha vida, alguns outros fatos antes e depois disso me fizeram finalmente assumir meu ateísmo. Não foi do dia pra noite, há muito tempo tinha questionamentos que falavam mais alto que fé ou o intuito de seguir uma crença, cominando na minha total descrença e negação mesmo a existência de Deus. Antes disso por muito tempo eu falava com Deus, não rezava propriamente dito, apenas às vezes fazia um acanhado sinal da cruz e repetia um pai nosso... Eu supunha que Deus me ouvia o tempo todo então eu não precisava propriamente de uma ritualística, como alguém discando um numero no telefone espiritual pra falar com Deus. Mas a partir disso esse tipo de coisa praticamente cessou, a não ser por alguns momentos onde retrucava qualquer coisa, mais por desdém do que propriamente por estar em contato com Deus. Esse ateísmo de certa forma era puro, e na verdade foi mais puro que qualquer coisa religiosa que estive envolvido, eu estava tão impregnado pelo que as pessoas pensavam sobre Deus, as religiões em si impondo o que Deus é e como ele dizia que as coisas tinham que ser... Exausto! Não negava por completo que Deus existia, apenas questionava se existia, e se questiono não posso acreditar, logo duvidava de sua existência por vezes, pensava realmente não existir em outras. Tinha perguntas. Duvidas sobre o que as pessoas diziam, na verdade para muitas dessas perguntas achei resposta, outras não mas agora percebo que em todos os casos o que eu questionava era a visão evangélica de Deus, a visão Católica de Deus e a visão Espírita Kardecista de Deus. Hoje eu sei que em todos os casos estava errado. Isso era tentar me enquadrar em uma delas e não conseguia, não consigo agora e talvez nunca consiga. Mas esse período ateísta, que não foi curto serviu imensamente bem, porque serviu como um “re-start”, como um computador que precisa ser formatado e assim limpo de todos os vírus. Precisava me separar de tudo, de ter em mente primeiramente que devemos ser bons por nós mesmos. Eu havia aprendido no catolicismo que devia se “temer a Deus” e por incrível que pareça ouço esse mesmo grito entre os evangélicos ao som de “nem todos serão salvos”! Isso é errado! Tão errado! O espiritismo dizia que não é isso, temo sim é que evoluir, que quando fazemos o mal regredimos, mas que o sentido é ir ao encontro de Deus... Isso é uma meia verdade! Como pode Deus dar a liberdade de você fazer o mal e seguir o caminho oposto, remando contra maré e ao mesmo tempo fazendo peso para que as pessoas sigam o bem, formando a própria maré? Isso é uma lógica de eixo muito curto, você nega que obriga uma situação mas já obrigando-a.
Mas chega de questionamentos, é chegado o fim de questionar estas religiões, sei que ainda o farei muito quando conversar com outras pessoas algo dentro do tema, mas é fim de fazer isso pra mim mesmo. A solução que eu encontrei foi obvia, muito obvia e o tempo todo não pude ver, demorei tanto para encontrar. Eu não preciso seguir o Deus de ninguém, eu preciso seguir o meu Deus! E eu acredito que o MEU DEUS é puro e simples AMOR. Eu acredito que esse sentimento é tão grandioso que não podemos compreender, senti-lo totalmente, apenas podemos vislumbrar e sentir, e isso é Deus! Isso é o meu Deus! Não hedonise o amor, amor não é hedonismo. O amor que você sente por uma mulher (ou homem) não é apenas amor, você sente desejo, sente paixão... O amor verdadeiro é a total entrega, é a total compaixão o amor verdadeiro te fere porque te ilumina e revela todas as suas impurezas, todas as cicatrizes que o mundo te deu e eu sinto com tanta certeza agora que nós não podemos senti-lo o bastante, não podemos explicá-lo o bastante e por isso ele se torna infinito e o infinito é Deus. O meu Deus está em tudo e tudo está nele. Não ele não te força a nada, você faz a opção, e você pode sim fugir do amor, pode sim ir em direção à escuridão, e talvez quem sabe possa existir quem realmente quer ficar por lá para sempre, mas pra sempre é muito tempo sem fim, e o fim do mundo — nesse caso — o fim de toda a criação não é o verdadeiro fim do tempo. Talvez você alguma vez tenha recebido aquele e-mail que dizia que o frio não existe, que o que existe é a falta de calor. Que a escuridão não existe, o que existe é a falta de luz e que por fim o mal não existiria, o que existe é a falta de Deus. SIM! Falta amor, falta amor no coração do homem, se deus escolheu o homem e lhe deu algo seu para ser diferente, então pare e pense por um minuto, o que ele te deu não é a merda da capacidade de pesar, o que ele lhe deu de especial foi o AMOR! Muito mais do que o extinto animal! Por extinto um animal pode se matar para proteger sua cria, tal qual muita literalmente pode dar sua vida por amor... Isso é uma grande meia verdade burra! O amor é viver e aceitar uma perda, aceitar algo que não queria abrir mão para que uma pessoa que ama viva. Isso o instinto animal não faz, isso diferencia (e eu REALMENTE não estou fazendo referencia a qualquer coisa que eu ou qualquer outra pessoa tenha feito, é uma constatação). Por fim, se alguém, seja quem for, onde for, em qualquer lugar na história, seja Jesus, seja Buda, Seja Krishna, seja um espírito, seja mesmo o diabo... Seja lá quem for, falou do amor verdadeiro. Do amor puro e abnegado, então ele falou “DEUS”. Você deve julgar! Vocês simplesmente pode fechar os olhos e sentir e quando não conseguir pode meditar sobre isso o tempo que precisar, você vai saber! Porque tudo está em você, o tempo todo! Todas as religiões do mundo, todas elas, todas as seitas, todas irão apenas te afastar das outras pessoas, todas elas apenas servem para nos diferenciar e nos marcar e isso só nos afasta, isso só restringe esse amor e isso é um câncer, sim, John Lennon cantou a verdade em “Imagine”, pode ter certeza. E por isso sim o Anarquismo sempre será utópico, porque a peça que falta é esse amor, a peça que falta é Deus e em torno de Deus está a utopia, lá está o principal anarquista, a única pessoa, a única coisa em todo universo que sempre, sempre, sempre, sempre, sempre vai te amar... Seja você quem for... Seja lá o que for que tiver feito, não importa o quanto odioso tenha sido (nós podemos considerar imperdoável, ele não!)... Porque ele é o total amor, é UNO (filho e espírito santo??? NÃO! UNO!!!) Afaste-se o quanto quiser dele, o eixo de tudo será sempre ele, no centro a luz que brilha e o calor que emana é ele, você escolhe estar próximo a ele e o quão próximo consegue estar próximo a ele. Mas só em torno dele há a vida, é a estrela filosofal, a pedra filosofal, o fim o inicio e o meio. Agora eu acredito, agora eu posso, porque sei que posso errar, sei que vou errar, mas que posso, que devo, que quero ser melhor, que posso caminhar pra isso... Existindo vida alem da morte ou não. Onipresença sim, tem cada partícula de tudo! Onisciência sim, ele já criou pronto, “monitorar” é um conceito estúpido e desnecessário! Onipotência, absoluta, mas ainda assim sobre a mão mais suave... Apenas Deus pode.
Dark_Zen · Wed Aug 27, 2008 @ 11:03am · 0 Comments |
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